

Muito tem-se falado sobre a “vilã” ansiedade nos últimos tempos, não é mesmo?
Você também tem sofrido desse “mal”? Então bora embarcar nessa leitura e refletir juntos…
Coloquei os termos vilã e mal, citados acima, entre aspas, pois na verdade a ansiedade por si só não é um problema e seria injusto colocá-la nesse lugar tão negativo. Ao contrário do que tem sido pregado nos dias atuais, além de ser um absolutamente comum para qualquer pessoa saudável, ela também é importante para manutenção de uma vida saudável.
Calma lá que eu não estou maluca e já explico para vocês….
O fato é que além de ser muito natural nos sentirmos ansiosos em algumas situações, como por exemplo: na véspera de um encontro muito esperado, antes de uma prova importante da faculdade ou de uma entrevista de emprego; a ansiedade também é importante pois funciona como um mecanismo de sobrevivência diante de situações de perigo.
Percebem que até aqui não há um real problema?
Pois é…
Então se o tipo de ansiedade que você tem vivenciado é essa daí que contei, já quero te tranquilizar que possivelmente não estamos falando de um transtorno psicológico, mas sim de uma condição humana, OK?
Que ainda assim pode gerar um nível de incômodo, que certamente merece atenção e cuidados, mas que possivelmente sejam em níveis bem diferentes dos cuidados necessários quando se trata de uma ansiedade considerada patológica.
Mas o que define uma ansiedade como doença?
De modo geral, a frequência, intensidade e impactos na vida da pessoa são os principais termômetros para nos indicar quando a ansiedade ultrapassa o limite do natural, podendo estar associado a algum transtorno psicológico ou mesmo ser o próprio transtorno - Transtorno de ansiedade generalizado.
Os sintomas podem variar de leves a graves e podem incluir preocupações excessivas, medos irracionais, coração acelerado, tensão muscular, transpiração excessiva, tremores, palpitações, dificuldade para dormir ou sono em excesso entre outros.
O que fazer se a minha ansiedade parece ser patológica?
Diante de um cenário de grande impacto em suas atividades cotidianas, em decorrência de processos ansiosos, revisitar a sua rotina de atividades diárias, como ritmo de trabalho, qualidade do sono, alimentação, níveis de estresse, investimento em atividades físicas e lazer, pode te ajudar a identificar possíveis gatilhos para os sintomas atuais de ansiedade e assim criar estratégias de manejo. Contudo, sabemos que nem sempre é fácil e possível fazer esse processo sozinho e poder contar com a ajuda de profissionais, pode fazer total diferença.
Na atualidade existem muitos tratamentos disponíveis para a ansiedade, que incluem acompanhamento psicológico com terapias e técnicas específicas e psiquiátrico com medicamentos. A terapia sistêmica, uma das possíveis abordagens de atuação da psicologia, tem se mostrado muito eficaz e promissora para diversos pacientes.
O que é e como a terapia sistêmica pode contribuir com o processo de enfrentamento dos sintomas da ansiedade?
A terapia sistêmica é um tipo de psicoterapia que fundamenta a sua atuação nas relações interpessoais e nos sistemas sociais em que uma pessoa está inserida, ou seja, ela busca compreender o indivíduo, seus comportamentos e possíveis sintomas a partir das suas relações e do contexto ao qual ele está inserido. O terapeuta sistêmico não se concentra apenas no indivíduo, ele examina os padrões de comunicação e comportamento dentro do ambiente em que o paciente está inserido, incluindo relacionamentos familiares, de trabalho e de amizade. A terapia sistêmica também considera o impacto das experiências vividas em sua história como forte influencia na maneira como a pessoa aprendeu a se posicionar e se relaciona com os outros.
Um dos principais objetivos da terapia sistêmica no tratamento da ansiedade é ajudar o paciente a identificar padrões disfuncionais de pensamento e comportamento e assim alterá-los. Isso geralmente envolve ajudar o paciente a desenvolver novas habilidades de comunicação, como expressar seus sentimentos de maneira clara e assertiva, em vez de reprimir emoções ou descontar em outras pessoas. Como já evidenciado, o contexto social ao qual a pessoa está inserida é muito importante e considerado dentro da terapia sistêmica, portanto, num processo terapêutico conduzido a partir dessa abordagem pode também envolver trabalhar com a família ou parceiro íntimo do paciente, com o consentimento do mesmo, para melhorar a comunicação e reduzir conflitos por exemplo.
Desenvolver uma compreensão mais profunda de si mesmo e de seus relacionamentos, incluindo examinar a dinâmica familiar ou de grupo que pode estar contribuindo para a ansiedade do paciente, compreender papéis disfuncionais ou a expectativas de perfeição que o indivíduo possua, identificar eventos traumáticos ou estressantes do passado que possam estar afetando o comportamento atual do paciente, são linhas importantes no trabalho realizado a partir da terapia sistêmica.
De maneira personalizada a terapia sistêmica, se adaptada para atender às necessidades individuais do paciente. Por exemplo, para alguns pacientes, pode ser mais benéfico trabalhar com a família para melhorar a comunicação, enquanto para outros, pode ser mais útil explorar eventos passados que contribuem para a ansiedade.
A terapia sistêmica, como em qualquer outra abordagem, também pode ser associada a outros tratamentos, com outros profissionais, como uso de medicação acompanhado por um psiquiatra, conforme demanda e necessidades do paciente.
Em resumo, a terapia sistêmica é uma abordagem eficaz e promissora para o tratamento da ansiedade. Ao examinar os sistemas sociais em que uma pessoa está inserida e trabalhar para melhorar a comunicação e mudar padrões disfuncionais de pensamento e comportamento, a terapia sistêmica pode ajudar o paciente a reduzir a ansiedade e melhorar sua qualidade de vida.
Se você está sofrendo com os impactos da ansiedade, pode ser útil conversar com um profissional para ajudá-lo a gerenciar seus sintomas.
Psicóloga Erica Lemos
CRP - 06/107068
(11)93091-9395